You are currently viewing Dia da Mulher: Número de mulheres na presidência das Câmaras Municipais aumenta em 2020 na região
Vereadoras reunidas em encontro do Fórum da Mulher Vereadora da Acamosc

Dia da Mulher: Número de mulheres na presidência das Câmaras Municipais aumenta em 2020 na região

  • Post author:
  • Post category:Sem categoria

Neste domingo (8) é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data marcada por lutas, conquistas e constante busca por igualdade. A participação feminina em espaços políticos tem sido um dos assuntos abordados nos últimos tempos e, neste ano, um dado chamou atenção no Poder Legislativo do Oeste catarinense: mais mulheres assumiram o maior cargo na Câmara Municipal, a presidência. Em 2019, das Câmaras de Vereadores associadas à Associação das Câmaras Municipais do Oeste de Santa Catarina (Acamosc), havia três casas legislativas que tinham mulheres na presidência: Águas de Chapecó, Nova Erechim e Cunha Porã. Em 2020, esse número passou para quatro.

As mesas diretoras de quatro Câmaras Municipais, associadas à Acamosc, tem uma vereadora no cargo de presidente neste ano. Em Águas de Chapecó, a vereadora Rachel Elma Mohr Staiernagel – que presidiu a Acamosc em 2019 e atuou como presidente do Fórum da Mulher Parlamentar de SC junto a Uvesc – foi eleita como presidente do Poder Legislativo. Em Palmitos, a vereadora Loreci  Orsolin Pfeiter assumiu o cargo. Pinhalzinho também tem uma vereadora na presidência: Fabiana Merigo. Sonia Devilla Tomasi é a presidente da Câmara de Vereadores de Caxambu do Sul.

Números precisam ser multiplicados

Das 28 Câmaras Municipais associadas à Acamosc, quatro elegeram mulheres para o cargo de presidência. Para a presidente do Fórum da Mulher Vereadora da Acamosc, Jaqueline Donida, o número revela um crescimento em relação ao ano anterior, mas ainda precisa ser multiplicado. O crescimento, na opinião dela, é um reflexo do trabalho sério, íntegro e diferenciado no exercício feminino na vereança.

“Ainda são números que precisam ser multiplicados, equiparados para serem vistos com igualdade e equidade. Este ano teremos mais uma oportunidade de equalizar essa fração. Nós mulheres precisamos estar presentes nos poderes, Legislativos e Executivos. Não apenas porque há a exigência legal, mas porque a sociedade necessita do olhar, da atenção, da inteligência e mediação feminina”, ressaltou.

Mulher e política

No segundo mandato de vereadora, Loreci Orsolin Pfeifer assumiu a presidência da Câmara neste ano, em Palmito. Além dela, outras duas vereadoras já ocuparam a cadeira anteriormente. Loreci – que nasceu e reside no município – é também professora há 40 anos. Antes de se eleger, tentou uma vaga no legislativo, em 1988, mas não foi eleita. Também já foi candidata à vice-prefeita, em 2008. Segundo ela, desde muito jovem teve atuação em liderança comunitária, conselhos municipais, movimentos sociais e partidários.

Diferente da colega,  Sonia Devilla Tomasi de Caxambu do Sul ocupa o cargo de presidente do legislativo pela terceira vez. Sonia é formada em Serviço Social, pós graduada em

Psicopedagogia e atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Saúde. O primeiro mandato como vereadora foi em 2008, quando foi à vereadora mais votada. Em 2010 e 2012, assumiu a presidência do Legislativo. Em 2016 foi eleita vereadora novamente e neste ano assumiu como presidente da Câmara Municipal pela terceira vez.

Sonia conta que no município oito mulheres foram eleitas como vereadoras, sendo que além dela, outras três já assumiram – uma vez cada – a presidência do Legislativo.

Loreci acredita que é mais difícil para uma mulher assumir o cargo de presidência, pois muitas barreiras e preconceitos precisam ser superados. “No entanto, será com o envolvimento e a ação das mulheres que tais situações serão superadas”.

 Dificuldades

Tanto Loreci, quanto Sonia já enfrentaram dificuldades e passaram por situações constrangedoras no meio político.

“As pessoas ainda pensam que a mulher não pode estar em todos os lugares. A política é um deles, que ainda é visto como lugar para os homens, então por vezes os olhares, julgamentos e conversas constrange e muito a mulher. Por vezes, como mulher não se recebe a atenção e valorização diante do pensamento, ideal exposto”, comenta Loreci

Já a vereadora Sonia lembra que enfrentou, no primeiro mandato, algumas situações constrangedoras pelo fato de ser mulher. “Já ouvi frases, como, ‘isso deixa para nós que somos homens’. Todavia, isso se modificou bastante. Hoje não existe mais isso, pelo contrário, somos ouvidas e respeitadas”, conta.

Importância de assumir a presidência

Assumir a presidência da Câmara Municipal é definido pelas vereadoras como um ato de responsabilidade, compromisso e desafio.

“Além de uma oportunidade importante de aprendizado é uma responsabilidade e compromisso que assumi para fazer com competência, seriedade, transparência cumprindo a legislação, abrindo oportunidades de debates e construção coletiva de políticas públicas para as pessoas”, considera Loreci.

A vereadora Sonia, ressalta que assumir como presidente do segundo maior poder do município é bastante desafiador. “Ao mesmo tempo é gratificante, pois no meio político esses cargos, geralmente, são assumidos por homens. Assim, o desafio é ainda maior, pois em sua grande maioria as cadeiras do legislativo são ocupadas por homens, as mulheres são a minoria. Hoje, eu sou a única mulher que ocupa uma cadeira na câmara. Entretanto, a eleição foi muito tranquila, pois partiu dos próprios colegas que eu fosse presidente”.

 Desafiar-se

Para as duas vereadoras é importante que as mulheres se disponibilizem e também sejam atuantes na política.

“A política é responsável por tudo desde o nascimento até o fim da vida. Educação, saúde, habitação, lazer, infraestrutura, meio ambiente, entre outros, todos precisamos. Temos – juntos – a responsabilidade de fazer acontecer. Diante disso, como poderá a mulher não fazer parte? Mulher precisa ser participativa, com envolvimento social e político”, destacou Loreci.

Sonia destaca que ainda é um grande desafio eleger mulheres e que é preciso avançar. Salienta também que são poucas as mulheres que se dispõem a concorrer aos cargos.  “É necessário um trabalho de valorização e mostrar às mulheres o quão importante são esses espaços para avançarmos em nossas conquistas, pois é de suma relevância que as mulheres assumam esses cargos e se envolvam diretamente no processo político. A todas as mulheres gostaria de dizer que é possível sim, nem sempre é fácil, mas somos capazes e fortes para superar qualquer desafio”, finaliza.